31 janeiro 2007
Sítio oficial com novos conteúdos
O sítio oficial de JP Simões na internet tem novos conteúdos. A galeria já disponibiliza algumas fotografias, há peças novas nos recortes de imprensa e a secção de links também está activa.
30 janeiro 2007
1970 mantém-se entre os mais vendidos
O álbum 1970, de JP Simões, continua na tabela dos 30 discos mais vendidos em Portugal. Esta semana ocupa a 22ª posição, dez lugares abaixo do posto alcançado na semana passada. Na tabela dos discos mais vendidos na cadeia de lojas Fnac, 1970 é o segundo álbum de originais com mais compradores.
29 janeiro 2007
JP Simões no My Space
JP Simões tem uma página no My Space, onde podem escutar-se as canções Fábula Bêbada, 1970 (Retrato), Trovador Entrevado e Werther. A ligação está na coluna do lado.
JP Simões pelo Sim à despenalização da IVG
26 janeiro 2007
Também no Blitz
A edição de Fevereiro da revista Blitz, nas bancas desde esta manhã, publica uma entrevista com JP Simões e uma crítica a 1970.
25 janeiro 2007
Entrevista à Visão
JP Simões dá uma entrevista à revista Visão desta semana, na qual define a música que fez em 1970, explica o processo de trabalho, revela a relação que tem com Portugal, desmitifica a alegada colagem a Chico Buarque e até fala do próximo álbum.
24 janeiro 2007
1970 entra para o top!
O álbum 1970, na primeira semana após chegar às lojas, entrou directamente para o décimo segundo lugar da tabela de discos mais vendidos em Portugal, uma lista elaborada pela Associação Fonográfica Portuguesa.
Além disso, o disco de JP Simões permanece entre os preferidos dos clientes da cadeia de lojas Fnac, sendo o segundo álbum de originais mais vendido no somatório de todos os estabelecimentos Fnac do País.
Além disso, o disco de JP Simões permanece entre os preferidos dos clientes da cadeia de lojas Fnac, sendo o segundo álbum de originais mais vendido no somatório de todos os estabelecimentos Fnac do País.
23 janeiro 2007
Entrevista ao Mundo Universitário
A revista Mundo Universitário publica uma entrevista com JP Simões, parcialmente editada também na edição de hoje do matutino Destak.
O trabalho na publicação estudantil pode ser lido aqui. Quem preferir a versão PDF pode consultar esta página.
JP Simões compõe genérico de programa radiofónico
JP Simões é o autor do genérico final do programa Boa Noite, Alvim, que Fernando Alvim irá apresentar na Antena 3. A criação de JP Simões pode escutar-se aqui.
20 janeiro 2007
Fnac Gaiashopping: alinhamento e fotografias
18 janeiro 2007
17 janeiro 2007
16 janeiro 2007
Minidigressão pelas lojas Fnac
A promoção do álbum 1970 prossegue no próximo fim-de-semana com a gravação de um especial para a SIC Notícias, no domingo, e com três concertos em lojas da cadeia Fnac.
A primeira das três apresentações terá como palco a loja Fnac de Coimbra e decorrerá na sexta-feira, 19 de Janeiro, às 22h00. No dia seguinte, JP Simões mostra-se mais a norte, na Fnac do Gaiashopping, às 17h00. A Fnac Chiado, Lisboa, recebe o concerto de apresentação no dia 22, segunda-feira, às 18h30.
Estes espectáculos nas lojas Fnac terão o formato de uma voz e duas guitarras.
A primeira das três apresentações terá como palco a loja Fnac de Coimbra e decorrerá na sexta-feira, 19 de Janeiro, às 22h00. No dia seguinte, JP Simões mostra-se mais a norte, na Fnac do Gaiashopping, às 17h00. A Fnac Chiado, Lisboa, recebe o concerto de apresentação no dia 22, segunda-feira, às 18h30.
Estes espectáculos nas lojas Fnac terão o formato de uma voz e duas guitarras.
15 janeiro 2007
Passatempo Sapo
Oferta de convites para assistir ao vivo à gravação de um especial JP Simões a emitir pela SIC Notícias. Aqui.
14 janeiro 2007
Convidado da Prova Oral
JP Simões, amanhã, 15 de Janeiro, é o convidado de Fernando Alvim, na Prova Oral, da Antena 3. O programa, em directo, é emitido às 19h00. Decorrerá em simultâneo com a transmissão da entrevista a Carlos Vaz Marques, na TSF.
Ao longo da semana, 1970 estará em destaque na Antena 1.
Ao longo da semana, 1970 estará em destaque na Antena 1.
13 janeiro 2007
JP Simões no Pessoal e Transmissível
Carlos Vaz Marques entrevista JP Simões na TSF, no programa Pessoal e Transmissível. A entrevista vai para o ar às 19h15 de segunda-feira, dia de lançamento nas lojas do álbum 1970.
Entrevista e crítica no Expresso
O suplemento Cartaz, publicado com o Expresso de hoje, publica uma entrevista com JP Simões e apresenta a crítica ao álbum 1970.
12 janeiro 2007
Homenagem a um grupo de construtores da música
Nome indissociável do sucesso de projectos como Belle Chase Hotel ou Quinteto Tati, JP Simões estreou-se agora a solo com o trabalho discográfico “1970”, uma mão cheia de belas canções, servidas por uma voz inconfundível. Depois de Lisboa e do Porto, o músico estará esta noite em Coimbra, no auditório do Instituto Português da Juventude (IPJ), às 23H00, para o último de três concertos de apresentação de “1970”, que sairá para o circuito comercial a 15 de Janeiro próximo.
A solo, finalmente a solo num após Belle Chase Hotel e a par do Quinteto Tati, este “1970” é o quê? Uma homenagem às suas raízes musicais, às suas influências?
JP Simões – Sim, uma das características comuns a todas as profissões que envolvem a música é que o nosso trabalho acaba sempre por ser uma homenagem àquilo que gostamos de ouvir. Para além da originalidade, há sempre uma série de estilos de música e de ambientes que acabam por passar nos trabalhos que se fazem. Neste caso, neste meu primeiro trabalho a solo, o que aconteceu é que eu fui muito mais assumidamente trabalhar sobre as minhas grandes influências. Eu tinha há muito tempo vontade de fazer um disco mais luso-brasileiro, com uma forte referência a músicos, compositores e autores de canções que me são mais caros, como Chico Buarque de Hollanda. Mas este foi um ponto de partida, porque, de certa forma, Chico Buarque é também um compositor multiestilístico, e eu fui buscar um certo balanço onde me senti confortável para dizer aquilo que tenho a dizer. E assim este acabou por ser um disco fortemente marcado por essa homenagem à música brasileira.
E para além da música brasileira, de que já falou, nomeadamente com Chico Buarque, que outras influências tem neste seu trabalho?
São influências muito centradas nos anos 70, como no Quinteto Tati já se manifestou uma grande influência da música latino-americana. São algumas coisas claramente identificáveis e outras um pouco mais veladas. O facto é que eu conto com tudo o que contribuiu para me inspirar, para me motivar para trabalhar a música. Há muitas coisas na música brasileira que influenciam este disco, nomeadamente ao nível da produção, com a influência assumida de António Carlos Jobim. Houve um disco do Edu Lobo que me serviu de inspiração muito directa para eu fazer este “1970”. Essencialmente esta geração que nos anos 70 andava a fazer coisas de uma maneira muito brilhante. O António Carlos Jobim, o Vinicius de Moraes, o Edu Lobo, que são quase um grupo de construtores de música, que fazem parte do meu imaginário, que me influenciaram e influenciam bastante e influenciam também uma série de gente. É um pouco palavra corrente no Brasil o facto de muitos músicos viverem chateados com o Chico Buarque por ele ter deixado tão pouco por fazer no mundo da música.
É esta abrangência característica dos escritores de canções que o fascina também?
Sim é claro que me fascina, como me fascina a mensagem veiculada, com alguma melancolia. Mas sim, o fascínio é evidente.
Este é o primeiro projecto inteiramente seu, no qual assume a totalidade do processo criativo, com músicas, letras, arranjos e produção musical. Este era o momento de dar-se esta oportunidade a si próprio?
Sabe, as coisas vão acontecendo, foram acontecendo, não pelo melhor dos motivos. Quer dizer, eu não cheguei a este álbum, a solo, simplesmente pela depuração do meu próprio trabalho. Este até nem seria o meu plano. Acontece é que todos os projectos em que trabalhei anteriormente tiveram graves deficiências editoriais e promocionais que acabaram por os transformar em actos falhados e em muitas frustrações. Por exemplo, a “Ópera do Falhado”, em que eu me empenhei de forma total, foi apresentada mas o seu registo discográfico está há três anos para sair. Continuamos dependentes da boa vontade da editora, que já investiu alguns largos milhares no trabalho, mas que parece não querer rentabilizá-lo. O problema é que quando as editoras não funcionam bem prejudicam os músicos e os criadores de uma forma grave, que ficam com o seu trabalho e o seu investimento artístico e humano pendurado, hipotecado. A solução foi cortar com a editora e fazer uma outra banda com o meu amigo Sérgio Costa – o Quinteto Tati –, que começou a funcionar de outra maneira, sem tanta burocracia, sendo que, na altura, o nosso disco e a editora nasceram ao mesmo tempo. Entretanto as coisas também não correram da melhor forma, nomeadamente ao nível do agenciamento, e eu fui trabalhando neste disco a solo. Ou seja, eu vim parar aqui mais ou menos pelo fracasso do processo de trabalho que existia. E este é um assunto que se prolongou por todo este último ano e que eu estou a tentar por de parte. Trata-se um pouco de esquecer aquilo que não está feito e avançar. E se calhar isso é que importa, renovar as esperanças e levar este trabalho por um circuito normal. Porque até aqui nada tem florescido na Primavera. Com o meu agente, José Cardoso, decidimos avançar para este projecto, fomos para estúdio, a seguir vendemos o disco a uma editora e ficou o assunto arrumado.
Foi uma forma de assumir as rédeas do processo?
Eu não faço questão de andar a produzir e a realizar, preferia estar a fazer outras coisas, podia ter investido todo este trabalho no Quinteto Tati ou noutra coisa qualquer. Infelizmente não foi possível, porque há contratos e há compromissos que prendem as pessoas e o seu trabalho ás editoras e que frustram completamente este necessário trabalho em equipa. Isto não foi uma questão de proclamação de autoridade individual, teve sobretudo que ver com a necessidade de avançar para alguma coisa.
“1970” vai ser lançado quando?
O disco está concluído desde Maio, a sua saída tem sido sucessivamente adiada por questões não tenho interesse nenhum em recordar. O facto é que, desde Maio, só agora há uma data, que é 15 de Janeiro. Entretanto, o que eu tentei fazer com a editora para apaziguar um pouco o relacionamento é o seguinte: nos concertos promocionais em Lisboa, Porto e Coimbra terei algumas dezenas de exemplares do disco que as pessoas poderão comprar.
Para que público fez este “1970”? Para um público diferente dos devotos dos Belle Chase Hotel, daquele que angariou com o Quinteto Tati?
Não sei. Como sabe, o trabalho ainda não foi divulgado, vai sê-lo agora, será para o público que o quiser. Quando trabalho, eu não sei quem é o meu público alvo, não faço a mínima ideia. Bem, quer dizer, o meu público alvo sou eu, eu faço coisas que me agradam.
O disco sairá em Janeiro, mas iniciou já uma série de três concertos – em Lisboa, no Porto e em Coimbra – de apresentação. E escolheu espaços para relativamente pouco público. Interessa-lhe fazer concertos mais intimistas?
Sem dúvida. Como deve imaginar não ia tentar fazer concertos para 40 mil pessoas. É claro que existe na escolha destes três locais alguma dose de calculismo, mas como os concertos estão a ser feitos um pouco a expensas do meu agente, também optamos por salas que não implicassem grandes custos. A questão é que nós decidimos avançar para a divulgação do disco, um pouco para fazer frente à demora na sua distribuição e também para dar a algumas pessoas a possibilidade de o comprarem, ainda que seja num circuito mais ou menos fechado.
Os Belle Chase Hotel em que caminho ficaram? E o Quinteto Tati, que destino terá?
Os Belle Chase Hotel morreram um pouco de morte natural. Deixou de nos dar prazer o projecto, deixou de haver gozo no que fazíamos, quase todos avançámos por outros caminhos... Encontrámo-nos de novo nos 10 anos do grupo. Foi bom, mas acabou. Quanto ao Quinteto Tati, este meu trabalho a solo é apenas um interregno, até porque estou a trabalhar com os mesmo músicos e o projecto mantém-se com a mesma vontade de todos.
(Lídia Pereira, Diário As Beiras)
A solo, finalmente a solo num após Belle Chase Hotel e a par do Quinteto Tati, este “1970” é o quê? Uma homenagem às suas raízes musicais, às suas influências?
JP Simões – Sim, uma das características comuns a todas as profissões que envolvem a música é que o nosso trabalho acaba sempre por ser uma homenagem àquilo que gostamos de ouvir. Para além da originalidade, há sempre uma série de estilos de música e de ambientes que acabam por passar nos trabalhos que se fazem. Neste caso, neste meu primeiro trabalho a solo, o que aconteceu é que eu fui muito mais assumidamente trabalhar sobre as minhas grandes influências. Eu tinha há muito tempo vontade de fazer um disco mais luso-brasileiro, com uma forte referência a músicos, compositores e autores de canções que me são mais caros, como Chico Buarque de Hollanda. Mas este foi um ponto de partida, porque, de certa forma, Chico Buarque é também um compositor multiestilístico, e eu fui buscar um certo balanço onde me senti confortável para dizer aquilo que tenho a dizer. E assim este acabou por ser um disco fortemente marcado por essa homenagem à música brasileira.
E para além da música brasileira, de que já falou, nomeadamente com Chico Buarque, que outras influências tem neste seu trabalho?
São influências muito centradas nos anos 70, como no Quinteto Tati já se manifestou uma grande influência da música latino-americana. São algumas coisas claramente identificáveis e outras um pouco mais veladas. O facto é que eu conto com tudo o que contribuiu para me inspirar, para me motivar para trabalhar a música. Há muitas coisas na música brasileira que influenciam este disco, nomeadamente ao nível da produção, com a influência assumida de António Carlos Jobim. Houve um disco do Edu Lobo que me serviu de inspiração muito directa para eu fazer este “1970”. Essencialmente esta geração que nos anos 70 andava a fazer coisas de uma maneira muito brilhante. O António Carlos Jobim, o Vinicius de Moraes, o Edu Lobo, que são quase um grupo de construtores de música, que fazem parte do meu imaginário, que me influenciaram e influenciam bastante e influenciam também uma série de gente. É um pouco palavra corrente no Brasil o facto de muitos músicos viverem chateados com o Chico Buarque por ele ter deixado tão pouco por fazer no mundo da música.
É esta abrangência característica dos escritores de canções que o fascina também?
Sim é claro que me fascina, como me fascina a mensagem veiculada, com alguma melancolia. Mas sim, o fascínio é evidente.
Este é o primeiro projecto inteiramente seu, no qual assume a totalidade do processo criativo, com músicas, letras, arranjos e produção musical. Este era o momento de dar-se esta oportunidade a si próprio?
Sabe, as coisas vão acontecendo, foram acontecendo, não pelo melhor dos motivos. Quer dizer, eu não cheguei a este álbum, a solo, simplesmente pela depuração do meu próprio trabalho. Este até nem seria o meu plano. Acontece é que todos os projectos em que trabalhei anteriormente tiveram graves deficiências editoriais e promocionais que acabaram por os transformar em actos falhados e em muitas frustrações. Por exemplo, a “Ópera do Falhado”, em que eu me empenhei de forma total, foi apresentada mas o seu registo discográfico está há três anos para sair. Continuamos dependentes da boa vontade da editora, que já investiu alguns largos milhares no trabalho, mas que parece não querer rentabilizá-lo. O problema é que quando as editoras não funcionam bem prejudicam os músicos e os criadores de uma forma grave, que ficam com o seu trabalho e o seu investimento artístico e humano pendurado, hipotecado. A solução foi cortar com a editora e fazer uma outra banda com o meu amigo Sérgio Costa – o Quinteto Tati –, que começou a funcionar de outra maneira, sem tanta burocracia, sendo que, na altura, o nosso disco e a editora nasceram ao mesmo tempo. Entretanto as coisas também não correram da melhor forma, nomeadamente ao nível do agenciamento, e eu fui trabalhando neste disco a solo. Ou seja, eu vim parar aqui mais ou menos pelo fracasso do processo de trabalho que existia. E este é um assunto que se prolongou por todo este último ano e que eu estou a tentar por de parte. Trata-se um pouco de esquecer aquilo que não está feito e avançar. E se calhar isso é que importa, renovar as esperanças e levar este trabalho por um circuito normal. Porque até aqui nada tem florescido na Primavera. Com o meu agente, José Cardoso, decidimos avançar para este projecto, fomos para estúdio, a seguir vendemos o disco a uma editora e ficou o assunto arrumado.
Foi uma forma de assumir as rédeas do processo?
Eu não faço questão de andar a produzir e a realizar, preferia estar a fazer outras coisas, podia ter investido todo este trabalho no Quinteto Tati ou noutra coisa qualquer. Infelizmente não foi possível, porque há contratos e há compromissos que prendem as pessoas e o seu trabalho ás editoras e que frustram completamente este necessário trabalho em equipa. Isto não foi uma questão de proclamação de autoridade individual, teve sobretudo que ver com a necessidade de avançar para alguma coisa.
“1970” vai ser lançado quando?
O disco está concluído desde Maio, a sua saída tem sido sucessivamente adiada por questões não tenho interesse nenhum em recordar. O facto é que, desde Maio, só agora há uma data, que é 15 de Janeiro. Entretanto, o que eu tentei fazer com a editora para apaziguar um pouco o relacionamento é o seguinte: nos concertos promocionais em Lisboa, Porto e Coimbra terei algumas dezenas de exemplares do disco que as pessoas poderão comprar.
Para que público fez este “1970”? Para um público diferente dos devotos dos Belle Chase Hotel, daquele que angariou com o Quinteto Tati?
Não sei. Como sabe, o trabalho ainda não foi divulgado, vai sê-lo agora, será para o público que o quiser. Quando trabalho, eu não sei quem é o meu público alvo, não faço a mínima ideia. Bem, quer dizer, o meu público alvo sou eu, eu faço coisas que me agradam.
O disco sairá em Janeiro, mas iniciou já uma série de três concertos – em Lisboa, no Porto e em Coimbra – de apresentação. E escolheu espaços para relativamente pouco público. Interessa-lhe fazer concertos mais intimistas?
Sem dúvida. Como deve imaginar não ia tentar fazer concertos para 40 mil pessoas. É claro que existe na escolha destes três locais alguma dose de calculismo, mas como os concertos estão a ser feitos um pouco a expensas do meu agente, também optamos por salas que não implicassem grandes custos. A questão é que nós decidimos avançar para a divulgação do disco, um pouco para fazer frente à demora na sua distribuição e também para dar a algumas pessoas a possibilidade de o comprarem, ainda que seja num circuito mais ou menos fechado.
Os Belle Chase Hotel em que caminho ficaram? E o Quinteto Tati, que destino terá?
Os Belle Chase Hotel morreram um pouco de morte natural. Deixou de nos dar prazer o projecto, deixou de haver gozo no que fazíamos, quase todos avançámos por outros caminhos... Encontrámo-nos de novo nos 10 anos do grupo. Foi bom, mas acabou. Quanto ao Quinteto Tati, este meu trabalho a solo é apenas um interregno, até porque estou a trabalhar com os mesmo músicos e o projecto mantém-se com a mesma vontade de todos.
(Lídia Pereira, Diário As Beiras)
O luso-sambismo como estranha forma de vida
Não foi por capricho que J. P Simões insistiu para que o seu disco inaugural a solo ostentasse como título o ano em que nasceu. Afinal, trata-se do mais pessoal e intimista projecto que já levou a cabo, mas também uma data simbólica que o antigo líder dos Belle Chase Hotel e Quinteto Tati quer ver como o advento de algo ainda por cumprir.
Mais por força das circunstâncias do que por opção pessoal, a errância não tem largado uma carreira cujos primórdios remontam já ao alvor da década de 90, então como membro dos Pop Dell'Arte. "Todas as coisas que fiz até ao Quinteto Tati enguiçaram por culpa de terceiros. Por mais que tentasse cumprir, os projectos editoriais que tive até essa altura falhavam sempre por qualquer motivo. Achei, por isso, que tinha chegado a altura ideal para encontrar a minha verdadeira definição musical", revela, sem pejo em considerar que "existe um contraste imenso entre as necessidades de alguém que cria e a forma como trabalham os produtores".
Farto de esperar pelo lançamento de um disco já concluído em Maio, várias vezes anunciado e outras tantas adiado, Simões optou por fazer-se à estrada e assumir as despesas da promoção ao vivo. Agora que a saída já está calendarizada - na próxima segunda-feira deverá chegar às lojas -, o cantor e compositor vê nas dificuldades que têm povoado a sua carreira um sintoma da decadência da música, "uma das artes mais desrespeitadas e banalizadas até ao exagero" "Ela entrou em falência a partir do momento em que se industrializou e passou a sair das quatro paredes".
"Não perdi a esperança"
Por muito variadas que tenham sido as críticas que "1970" suscitou até à data, há um ponto em relação ao qual todas convergem as influências brasileiras, baptizadas pelo músico como "luso-sambismo". J. P. Simões não nega as matrizes cariocas do disco - "é como se tivesse uma alma portuguesa com um coração brasileiro transplantado", diz - mas contra-ataca: "Por que razão não endereçam essa pergunta a todas as bandas que soam como americanas?"
No tema mais marcante do disco, o homónimo "1970", J. P. lança um olhar cruel e desencantado sobre a geração a que pertence. Um ajuste de contas com o passado? "Só se for comigo próprio. Tentei encontrar as razões para a falência espiritual que hoje nos assalta. E não, ainda não perdi a esperança".
"Onde está a malta?"
Nesta "introspecção retrospectiva", não quis fazer tanto "um retrato científico" de uma geração que considera anestesiada, mas sim uma análise desassombrada que não exclui a autocrítica "Toda a gente sabe muita coisa e participa em conversas de café, mas, curiosamente, não vejo a maior parte dessas pessoas na realidade do meu país. Onde está a malta? Quem assume a cidadania?"
Ao cabo de mais de uma década de um percurso que, pese embora a passagem por vários grupos, foi sempre solitário, J. P. Simões evita as verdades absolutas, passados que foram os tempos de euforia e salutar inconsciência que marcaram os primeiros anos no meio. Mas experimente-se perguntar-lhe a quem se destina a sua música e, por uma vez, a resposta não tarda em chegar, cristalina "O meu público-alvo? Sou eu. Tento fazer o que gostaria de ouvir. É o mínimo e máximo que posso fazer".
As pequenas histórias que povoam o disco, versando desde os entes queridos às tragicomédias anónimas das grandes cidades, revelam um cuidado laborioso com as palavras. Autor do libreto de "A ópera do falhado", Simões não nega que conserva no seu íntimo ambições literárias. Mas... "sou muito desorganizado. Escrever custa-me muito. Antes que o faça, tenho que conseguir limpar primeiro todo o barulho que há na minha cabeça. O problema é que não sei bem o que procuro. Procuro clarificar-me. É isso".
"1970" ainda não chegou sequer ao mercado e J. P. Simões já perdeu a conta aos comentários que aludem à presença tutelar de Chico Buarque ao longo do disco. Nada que o preocupe por aí além, ou não encarasse o autor do recente "Carioca" como "uma colmeia e um mestre multi-estilístico, cujas canções são um exemplo de finura, argúcia e um enorme força expressiva". Mas, sem fugir à referência-mestra, aponta Vinicius de Moraes e João Gilberto como as figuras fantasmáticas de "1970" "O primeiro por este ser um disco de pequenas histórias e palavras. Gilberto também, porque a forma como trabalho a guitarra tem tudo a ver com a sua batida claudicante".
(Sérgio Almeida, no Jornal de Notícias)
Mais por força das circunstâncias do que por opção pessoal, a errância não tem largado uma carreira cujos primórdios remontam já ao alvor da década de 90, então como membro dos Pop Dell'Arte. "Todas as coisas que fiz até ao Quinteto Tati enguiçaram por culpa de terceiros. Por mais que tentasse cumprir, os projectos editoriais que tive até essa altura falhavam sempre por qualquer motivo. Achei, por isso, que tinha chegado a altura ideal para encontrar a minha verdadeira definição musical", revela, sem pejo em considerar que "existe um contraste imenso entre as necessidades de alguém que cria e a forma como trabalham os produtores".
Farto de esperar pelo lançamento de um disco já concluído em Maio, várias vezes anunciado e outras tantas adiado, Simões optou por fazer-se à estrada e assumir as despesas da promoção ao vivo. Agora que a saída já está calendarizada - na próxima segunda-feira deverá chegar às lojas -, o cantor e compositor vê nas dificuldades que têm povoado a sua carreira um sintoma da decadência da música, "uma das artes mais desrespeitadas e banalizadas até ao exagero" "Ela entrou em falência a partir do momento em que se industrializou e passou a sair das quatro paredes".
"Não perdi a esperança"
Por muito variadas que tenham sido as críticas que "1970" suscitou até à data, há um ponto em relação ao qual todas convergem as influências brasileiras, baptizadas pelo músico como "luso-sambismo". J. P. Simões não nega as matrizes cariocas do disco - "é como se tivesse uma alma portuguesa com um coração brasileiro transplantado", diz - mas contra-ataca: "Por que razão não endereçam essa pergunta a todas as bandas que soam como americanas?"
No tema mais marcante do disco, o homónimo "1970", J. P. lança um olhar cruel e desencantado sobre a geração a que pertence. Um ajuste de contas com o passado? "Só se for comigo próprio. Tentei encontrar as razões para a falência espiritual que hoje nos assalta. E não, ainda não perdi a esperança".
"Onde está a malta?"
Nesta "introspecção retrospectiva", não quis fazer tanto "um retrato científico" de uma geração que considera anestesiada, mas sim uma análise desassombrada que não exclui a autocrítica "Toda a gente sabe muita coisa e participa em conversas de café, mas, curiosamente, não vejo a maior parte dessas pessoas na realidade do meu país. Onde está a malta? Quem assume a cidadania?"
Ao cabo de mais de uma década de um percurso que, pese embora a passagem por vários grupos, foi sempre solitário, J. P. Simões evita as verdades absolutas, passados que foram os tempos de euforia e salutar inconsciência que marcaram os primeiros anos no meio. Mas experimente-se perguntar-lhe a quem se destina a sua música e, por uma vez, a resposta não tarda em chegar, cristalina "O meu público-alvo? Sou eu. Tento fazer o que gostaria de ouvir. É o mínimo e máximo que posso fazer".
As pequenas histórias que povoam o disco, versando desde os entes queridos às tragicomédias anónimas das grandes cidades, revelam um cuidado laborioso com as palavras. Autor do libreto de "A ópera do falhado", Simões não nega que conserva no seu íntimo ambições literárias. Mas... "sou muito desorganizado. Escrever custa-me muito. Antes que o faça, tenho que conseguir limpar primeiro todo o barulho que há na minha cabeça. O problema é que não sei bem o que procuro. Procuro clarificar-me. É isso".
"1970" ainda não chegou sequer ao mercado e J. P. Simões já perdeu a conta aos comentários que aludem à presença tutelar de Chico Buarque ao longo do disco. Nada que o preocupe por aí além, ou não encarasse o autor do recente "Carioca" como "uma colmeia e um mestre multi-estilístico, cujas canções são um exemplo de finura, argúcia e um enorme força expressiva". Mas, sem fugir à referência-mestra, aponta Vinicius de Moraes e João Gilberto como as figuras fantasmáticas de "1970" "O primeiro por este ser um disco de pequenas histórias e palavras. Gilberto também, porque a forma como trabalho a guitarra tem tudo a ver com a sua batida claudicante".
(Sérgio Almeida, no Jornal de Notícias)
Entrevista e crítica no DN
O suplemento 6ª, publicado com o Diário de Notícias, publica hoje uma entrevista com JP Simões, assim como a crítica a 1970.
05 janeiro 2007
JP Simões em discurso directo
AS COISAS QUE ME GERARAM (OU UMA SOMBRA NO MORRO)
tentativa de identificação de JP Simões num aeroporto alcatifado
uma casa no som: um projecto de sci-fi:
Já há alguns anos que eu andava à procura de uma casa no som que fosse mais parecida com o que eu gostava e que me permitisse juntar as minhas histórias meio letárgicas, meio amnésicas a um balanço mais vital que sinto mais como o meu pulsar do que a forma portuguesa de fazer canções. Também tem a ver com anos e anos a ouvir Chico Buarque de uma maneira talvez exagerada. Pensei: já que vou fazer um disco sozinho, vou fazer um disco simples, uma coisa que ando há muito tempo para fazer, um luso-samba. Onde está o meuf uturo? Em 1970. Foi o que me ocorreu. Este disco é uma coisa muito artesanal, sem máquinas, com coros naturalistas como nos anos 70, com construções muito Chico Buarque, Tom Jobim... aquilo foi pensado como qualquer coisa de ficção científica, como se, no ano em que nasci, tivesse aidade que tenho... a imaginar que o nosso desenvolvimento cultural era diferente, que éramos pessoas que absorvíamos e transformávamos... com aqueles dois lados: o que sorve tudo, se mimetiza em tudo e ama as coisas novas quase com desespero, com uma alegria violenta, e o contraponto disso que é manter tradições mortas, direitinhas, como uma espécie de vínculo à terra. Eu tentei depurar esses elementos todos, há uma série de pormenores nos arranjos que particularizam aquilo, que põem uma sombra no morro. Esta foi uma primeira experiência. Eu ainda quero ir para algum lado a partir daqui onde encontrasse a minha toada. Tentar recomeçar a partir do sítio onde, há trinta e tal anos, deixámos as coisas mais ou menos auspiciosas e que, depois, esquecemos um bocado.
à deriva pelo Atlântico Sul:
O Quinteto Tati era uma coisa mais latino-americana, tinha um bocadinho de tudo, não tão especializado no samba. No samba-canção como aquilo que veio a dar o lugar à bossa. Para ser mais preciso, eu vejo aquilo mais como um luso-samba-canção. Uma identidade transatlântica. De certa maneira, também peguei um bocado na minha mitologia pessoal do tempo que vivi no Brasil e, quando, era eu miúdo e o Vinícius de Morais brincava comigo em casa de uma prima dele. Resolvi assumir uma identidade meio-ficcional, meio-lenda, o meu direito a ser brasileiro. Sinto isso um pouco como uma conquista minha, o ter conseguido concretizar uma terceira coisa.
a minha língua é a minha pátria (ou o meu divã)?
Tal como acontecia no tempo dos Belle Chase Hotel, de vez em quando ,escrevo letras em inglês, há coisas, determinados balanços, determinadas formas de construir uma canção que só ficam bem assim... mas não tenho ido por aí, tenho andado a tentar fazer uma espécie de psicanálise e, para a fazer, tens de a fazer na tua língua. É o único acesso que tens ao teu próprio caos. Nesse aspecto, quando as coisas se tornaram menos uma celebração de estilos e mais “una busqueda”, comecei, naturalmente, autilizar a minha língua, a procurar uma série de elementos da minha própria cultura que explicassem o que torna ser português tão incompreensível e bisonho e bizarro...
quem gerou a minha geração?
Compus um retrato de coisas dispersas, tive de me limitar no tempo e no espaço. Fui pegar num tempo, nos anos 80, numa cidade como Coimbra e tentar fazer um retrato que vacilasse um pouco entre a auto mutilação e o diagnóstico daquelas características que também encontro nos outros e que interrogasse: mas que contexto foi este para as pessoas ficarem assim, que era do vazio foi esta? Mas, depois, a própria música diz que a minha geração é a minha solidão, aquilo é uma tentativa de identificação. Até porque, muitas vezes, quando digo a palavra “geração” coloco-a num plano muito mais pessoal – as coisas que me geraram. Mais do que um grupo de gente que foi gerado comigo, ao mesmo tempo. Mas, evidentemente, também estou a falar daqueles a que posso chamar “os ratos de laboratório meus companheiros”. Aquelas pessoas geradas no mesmo meio que, a partir de certa altura, se vão começar a transformar em qualquer coisa. Porquinhos da Guiné, meus irmãos... Sempre imaginei isso mais como o meu avô diz “um rapaz da minha idade, da minha geração”... Houve uma marcação cerrada aqueles defeitos que sinto que também tenho, reportando-me também a um ressentimento em relação à minha cidade (suponho que cada um tem uma ideia da sua cidade...), uma cidade pequena, sem grande rumo nem grandes ideias, que se deixou adormecer ao colo dos fantasmas, sem oferecer nada... não que devesse oferecer alguma coisa...mas, depois, as pessoas são humanas, estão-se um bocado nas tintas para o espaço em comum, vivem lá a adorar os mortos o que gera um certo autismo em que vivemos enfiados no nosso buraco, com os nossos delírios, a jogar demasiadamente com a ironia porque era muito pesado falar sobre o concreto ou porque não havia coisas que se pudessem levar a sério.
uma ou duas gerações atrás, “Inquietação”, de José Mário Branco:
É uma canção mais universal que generaliza um bocado aquela sensação de “para onde é que foi toda a gente? para onde é que foram aqueles planos fantásticos?”... são sintomas de um problema ou de uma forma de estar. É, se calhar, mais uma canção sobre uma geração perdida. As coisas, às vezes, tem triplas ou quádruplas utilidades: acaba por ser um exercício de identificação com os outros ratos de laboratório, uma espécie de saldar de contas. O Henrique Amaro convidou-me para fazer uma versão naquele disco,Uma Outra História. A canção é uma eminência parda, inscreve-se naquele grupo de músicas que ouvi na adolescência e que me marcaram. Mas, nessa altura, com a claustrofobia de não me identificar com a própria terra, identificava-me muito mais com os objectos alienígenas como os Pop Dell’Arte que foram uma reacção mais justa ao no future que também se instalou, nosanos 80, aqui no nosso país: não há cá acordos pífios com o tempo nem homenagens nacionalistas, há um espírito de identificação com o mundo e uma liberdade de referências... já que isto é tudo tão confuso e há tão pouca coisa a que vale a pena dar continuidade, houve uma vontade muito grande de não pertença e de inventar um programa que fosse, ostensivamente, não daqui. De tal modo não daqui a ponto de não ser de lado nenhum. Mas, mais tarde ,essa libertação pela libertação também começou a não me satisfazer. Os BelleChase Hotel acabaram por ser também um bocado aquela atitude “o mundo é nosso” porque houve outra circunstâncias que tiveram a ver com a mundificação da informação nos ano 90, começámos a ter a informação toda à porta de casa... pega-se nisso, abre-se os pulmões e ver a música toda ,deixá-la entrar... fazer os Descobrimentos para dentro! Acabou por ser uma exaltação da música e do mundo e de uma série de estilos... mas, passado um tempo, começou-me a parecer uma celebração injusta. E precisei de me começara encontrar. Dei por mim a dizer: e este sítio onde eu vivo, esta coisa descurada, este aeroporto alcatifado?...
(síntese de João Lisboa de uma conversa com JP Simões)
Publicado originalmente nos Santos da Casa.
tentativa de identificação de JP Simões num aeroporto alcatifado
uma casa no som: um projecto de sci-fi:
Já há alguns anos que eu andava à procura de uma casa no som que fosse mais parecida com o que eu gostava e que me permitisse juntar as minhas histórias meio letárgicas, meio amnésicas a um balanço mais vital que sinto mais como o meu pulsar do que a forma portuguesa de fazer canções. Também tem a ver com anos e anos a ouvir Chico Buarque de uma maneira talvez exagerada. Pensei: já que vou fazer um disco sozinho, vou fazer um disco simples, uma coisa que ando há muito tempo para fazer, um luso-samba. Onde está o meuf uturo? Em 1970. Foi o que me ocorreu. Este disco é uma coisa muito artesanal, sem máquinas, com coros naturalistas como nos anos 70, com construções muito Chico Buarque, Tom Jobim... aquilo foi pensado como qualquer coisa de ficção científica, como se, no ano em que nasci, tivesse aidade que tenho... a imaginar que o nosso desenvolvimento cultural era diferente, que éramos pessoas que absorvíamos e transformávamos... com aqueles dois lados: o que sorve tudo, se mimetiza em tudo e ama as coisas novas quase com desespero, com uma alegria violenta, e o contraponto disso que é manter tradições mortas, direitinhas, como uma espécie de vínculo à terra. Eu tentei depurar esses elementos todos, há uma série de pormenores nos arranjos que particularizam aquilo, que põem uma sombra no morro. Esta foi uma primeira experiência. Eu ainda quero ir para algum lado a partir daqui onde encontrasse a minha toada. Tentar recomeçar a partir do sítio onde, há trinta e tal anos, deixámos as coisas mais ou menos auspiciosas e que, depois, esquecemos um bocado.
à deriva pelo Atlântico Sul:
O Quinteto Tati era uma coisa mais latino-americana, tinha um bocadinho de tudo, não tão especializado no samba. No samba-canção como aquilo que veio a dar o lugar à bossa. Para ser mais preciso, eu vejo aquilo mais como um luso-samba-canção. Uma identidade transatlântica. De certa maneira, também peguei um bocado na minha mitologia pessoal do tempo que vivi no Brasil e, quando, era eu miúdo e o Vinícius de Morais brincava comigo em casa de uma prima dele. Resolvi assumir uma identidade meio-ficcional, meio-lenda, o meu direito a ser brasileiro. Sinto isso um pouco como uma conquista minha, o ter conseguido concretizar uma terceira coisa.
a minha língua é a minha pátria (ou o meu divã)?
Tal como acontecia no tempo dos Belle Chase Hotel, de vez em quando ,escrevo letras em inglês, há coisas, determinados balanços, determinadas formas de construir uma canção que só ficam bem assim... mas não tenho ido por aí, tenho andado a tentar fazer uma espécie de psicanálise e, para a fazer, tens de a fazer na tua língua. É o único acesso que tens ao teu próprio caos. Nesse aspecto, quando as coisas se tornaram menos uma celebração de estilos e mais “una busqueda”, comecei, naturalmente, autilizar a minha língua, a procurar uma série de elementos da minha própria cultura que explicassem o que torna ser português tão incompreensível e bisonho e bizarro...
quem gerou a minha geração?
Compus um retrato de coisas dispersas, tive de me limitar no tempo e no espaço. Fui pegar num tempo, nos anos 80, numa cidade como Coimbra e tentar fazer um retrato que vacilasse um pouco entre a auto mutilação e o diagnóstico daquelas características que também encontro nos outros e que interrogasse: mas que contexto foi este para as pessoas ficarem assim, que era do vazio foi esta? Mas, depois, a própria música diz que a minha geração é a minha solidão, aquilo é uma tentativa de identificação. Até porque, muitas vezes, quando digo a palavra “geração” coloco-a num plano muito mais pessoal – as coisas que me geraram. Mais do que um grupo de gente que foi gerado comigo, ao mesmo tempo. Mas, evidentemente, também estou a falar daqueles a que posso chamar “os ratos de laboratório meus companheiros”. Aquelas pessoas geradas no mesmo meio que, a partir de certa altura, se vão começar a transformar em qualquer coisa. Porquinhos da Guiné, meus irmãos... Sempre imaginei isso mais como o meu avô diz “um rapaz da minha idade, da minha geração”... Houve uma marcação cerrada aqueles defeitos que sinto que também tenho, reportando-me também a um ressentimento em relação à minha cidade (suponho que cada um tem uma ideia da sua cidade...), uma cidade pequena, sem grande rumo nem grandes ideias, que se deixou adormecer ao colo dos fantasmas, sem oferecer nada... não que devesse oferecer alguma coisa...mas, depois, as pessoas são humanas, estão-se um bocado nas tintas para o espaço em comum, vivem lá a adorar os mortos o que gera um certo autismo em que vivemos enfiados no nosso buraco, com os nossos delírios, a jogar demasiadamente com a ironia porque era muito pesado falar sobre o concreto ou porque não havia coisas que se pudessem levar a sério.
uma ou duas gerações atrás, “Inquietação”, de José Mário Branco:
É uma canção mais universal que generaliza um bocado aquela sensação de “para onde é que foi toda a gente? para onde é que foram aqueles planos fantásticos?”... são sintomas de um problema ou de uma forma de estar. É, se calhar, mais uma canção sobre uma geração perdida. As coisas, às vezes, tem triplas ou quádruplas utilidades: acaba por ser um exercício de identificação com os outros ratos de laboratório, uma espécie de saldar de contas. O Henrique Amaro convidou-me para fazer uma versão naquele disco,Uma Outra História. A canção é uma eminência parda, inscreve-se naquele grupo de músicas que ouvi na adolescência e que me marcaram. Mas, nessa altura, com a claustrofobia de não me identificar com a própria terra, identificava-me muito mais com os objectos alienígenas como os Pop Dell’Arte que foram uma reacção mais justa ao no future que também se instalou, nosanos 80, aqui no nosso país: não há cá acordos pífios com o tempo nem homenagens nacionalistas, há um espírito de identificação com o mundo e uma liberdade de referências... já que isto é tudo tão confuso e há tão pouca coisa a que vale a pena dar continuidade, houve uma vontade muito grande de não pertença e de inventar um programa que fosse, ostensivamente, não daqui. De tal modo não daqui a ponto de não ser de lado nenhum. Mas, mais tarde ,essa libertação pela libertação também começou a não me satisfazer. Os BelleChase Hotel acabaram por ser também um bocado aquela atitude “o mundo é nosso” porque houve outra circunstâncias que tiveram a ver com a mundificação da informação nos ano 90, começámos a ter a informação toda à porta de casa... pega-se nisso, abre-se os pulmões e ver a música toda ,deixá-la entrar... fazer os Descobrimentos para dentro! Acabou por ser uma exaltação da música e do mundo e de uma série de estilos... mas, passado um tempo, começou-me a parecer uma celebração injusta. E precisei de me começara encontrar. Dei por mim a dizer: e este sítio onde eu vivo, esta coisa descurada, este aeroporto alcatifado?...
(síntese de João Lisboa de uma conversa com JP Simões)
Publicado originalmente nos Santos da Casa.
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